sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nos Bosques, Perdido (Pablo Neruda)

Nos bosques, perdido, cortei um ramo escuro
E aos labios, sedento, levante seu sussurro:era talvez a voz da chuva chorando,um sino quebrado ou um coração partido.
Algo que de tão longe me pareciaoculto gravemente, coberto pela terra,um gruto ensurdecido por imensos outonos,pela entreaberta e úmida treva das folhas.
Porém ali, despertando dos sonhos do bosque,o ramo de avelã cantou sob minha boca
E seu odor errante subiu para o meu entendimentocomo se, repentinamente, estivessem me procurando as raízesque abandonei, a terra perdida com minha infância,e parei ferido pelo aroma errante.
Não a quero, amada.
Para que nada nos prenda para que não nos una nada.
Nem a palavra que perfumou tua bocanem o que não disseram as palavras.
Nem a festa de amor que não tivemosnem teus soluços junto à janela...

1 comentários:

Camylla Moury disse...

Eu gosto muto de pablo neruda!

Arrasou!
Saudades.

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